quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Euro Obrigações

Imagem via Google

Um dos termos mais utilizados pelos economistas, políticos, jornalistas e comentadores é o Eurobond.
Em português qualquer coisa como Obrigação Europeia.
Confessando um certo vazio de conhecimento sobre o que se trata verdadeiramente e procurando saber mais sobre o assunto procurei informação e encontrei o artigo que abaixo transcrevo na totalidade, para minha e vossa informação.
Não coloquei link porque está frio e não quero que saiam daqui e se constipem.

Após ler o artigo e opiniões continuo com várias dúvidas acerca da executabilidade da medida.

Em 1º lugar, porque parece mais interessante para países incumpridores do que para os restantes.
Em 2º lugar, porque parece mais interessante para países incumpridores do que para os restantes.
Em 3º lugar, porque parece mais interessante para países incumpridores do que para os restantes.

ou seja,
enquanto nenhum dos três aspecto anteriores se alterar não teremos Eurobonds.

Além disso tenho duas perguntas para colocar com as quais me despeço deixando-vos entregues ao artigo e à vossa sorte nesta vida:

Os países europeus, pelo menos os 17 do Euro, estão preparados para um Governo Financeiro Europeu?

Se, apenas SE, a solução dos Eurobonds, mesmo que seja levada a cabo, acabar por não funcionar, viramo-nos para onde?

"O ministro italiano das Finanças, Guilio Tremonti,lançou o mote no Sábado, para o início da discussão sobre os eurobonds: "Não estaríamos onde estamos agora, se existissem euro-obrigações." Ao reclamar a emissão conjunta de obrigações de dívida da zona euro, o ministro marcou a agenda para o encontro de hoje entre a chanceler alemã e o presidente francês.O eixo franco-alemão é quem rege, de facto, os destinos da moeda única. Itália aprovou um plano de rigor no valor de 45 mil milhões de euros em troca de o Banco Central Europeu comprar as suas obrigações, o que levou à redução dos juros da dívida transalpina.
O que são as euro-obrigações?
Se os 17 países do Eurogrupo fossem um único devedor, a sua dívida governamental e os números de défice seriam melhor do que a maior parte dos países desenvolvidos - incluindo os EUA. A zona euro enfrenta actualmente uma crise de credibilidade dos investidores, devido a um aumento excessivo da dívida em vários países.
Alguns governos europeus e economistas consideram que a melhor forma de resolver a crise europeia, é tornar a união da europa numa realidade financeira. A euro-obrigação, parte da ideia que os membros do Eurogrupo vendem obrigações em conjunto aos investidores, garantindo-os colectivamente. O dinheiro angariado seria dividido pelos membros para cobrir as necessidades de financiamento de cada país, o que teria de ser aprovado colectivamente.
Vantagens
- As eurobonds teriam maior apelo para os investidores do que o mercado europeu de obrigações fragmentado. Os economistas indicam que os empréstimos em conjunto, levariam à criação de um mercado com elevada liquidez de mais de 8 biliões de euros, que seria o segundo maior mercado a seguir aos Estados Unidos
- As euro-obrigações teriam uma taxa de juro algures entre a taxa muito baixa da Alemanha e as taxas mais elevadas de Itália e de Espanha - o que seria bom para Madrid e Roma, mas péssimo para Berlim
Desvantagens
- A maior desvantagem apontada às euro-obrigações é que iriam remover as pressões de mercado sobre os governos para reduzirem o défice. Já se constatou que a pressão entre países não tem funcionado na Europa e os países mais endividados podem tornar a zona euro numa Grécia gigante, e não numa Alemanha como pretendido
Dúvidas sobre as euro-obrigações
Presumivelmente, as euro-obrigações seriam controladas pelos ministros das Finanças da zona euro. Este conselho actuaria como parceiro fiscal do Banco Central Europeu; e seria a congénere europeia do Fundo Monetário Internacional.
O debate vai centrar-se em torno do direito de voto. O BCE, opera segundo o princípio de um voto por país, enquanto o FMI dá direito de voto de acordo com as contribuições de capital. George Soros levanta esta questão: "Qual dos dois métodos deve prevalecer? "
O primeiro poderia dar carta branca aos países deficitários para acumularem a sua dívida. O segundo, poderia perpetuar uma Europa a duas velocidades. É necessário que os dois cheguem a um compromisso.
Para contornar esta questão, Itália e Luxemburgo propuseram uma ideia: os eurobonds serviriam para financiar somente até 60% do PIB dos país. Se os governos pretenderem um maior défice, teriam que vender obrigações nacionais por sua conta.
O problema aqui é que os investidores poderiam considerar as obrigações nacionais como uma obrigação menor, de segunda-classe, e aí seria um desastre total.
 Vozes a favor das euro-obrigações
George Soros


O investidor milionário norte-americano, George Soros, diz que a "Europa precisa de euro-obrigações". Soros diz que a  introdução do Euro supostamente reforçaria a convergência: "na realidade, criou divergências, com níveis muitíssimo diferentes de dívida e competitividade. Se os países altamente endividados têm de pagar juros muito pesado, a sua dívida tornar-se à insustentável. É o que se passa actualmente. A solução é óbvia: os países deficitários devem poder renegociar a sua dívida nas mesmas condições que os países excedentários.
Este passo pode ser conseguido através da emissão de euro-obrigações, que seriam seguras em conjunto pelos países membros. O princípio parece simples, mas os detalhes requerem muito trabalho. Que agência os emitiria e de acordo com que regras?"
Joseph Stiglitz


O Nobel da Economia de 2001 apoia a emissão de euro-obrigações e defende que a saída da Alemanha do euro pode ser benéfica. O Nobel afirma que se a zona euro decidir que a única forma de continuar é através da emissão das euro-obrigações, então a Alemanha "tem de sair" da moeda única.
Joseph Stiglitz afirmou que seria mais benéfico para a sobrevivência do euro se fosse a Alemanha, e não um dos periféricos, a abandonar o euro.
O economista disse também ser difícil o euro sobreviver se não for implementado um mecanismo de emissão de dívida conjunta que na prática já existe: "São hoje uma realidade mas de uma forma muito pouco transparente". Stiglitz explicou que os governos europeus são hoje financiados pelos seus bancos que utilizam depois, junto do BCE, títulos de dívida pública para se financiarem.
Vozes cépticas sobre as euro-obrigações


Daniel Bessa
Economista
Daniel Bessa escreveu no Expresso: "A mim, impressionou-me sempre a facilidade com que alguns de nós falam do dinheiro dos outros. É o caso dos chamados eurobonds.
Quando se afirma que seria bom que a União Europeia emitisse eurobonds, falta esclarecer quem os vai emitir - a UE é uma entidade demasiado abstracta para este efeito, que nenhum credor aceitará como devedora. Temos, portanto, de saber de quem estamos a falar - a velha questão de se saber, como nos fazem insistentemente sentir do outro lado do Atlântico, para que telefone é que se liga quando alguém pretende falar com a União Europeia."
Wolfgang Schäuble
Ministro das Finanças alemão
Wolfgang Schäuble rejeitou por completo as euro-obrigações para financiar os empréstimos dos países da zona euro, alegando que para isso "vão ser necessárias alterações fundamentais no tratado europeu". Apesar de tudo, o ministro expressou optimismo que no longo prazo, o Eurogrupo, incluindo a Alemanha, estariam preparados para conceder mais da sua liberdade orçamental nacional.
Philipp Rösler
Ministro da Economia alemão


Opinião idêntica tem o ministro da Economia, Philipp Rösler, que mostrou-se contra as euro-obrigações: "Numa Europa onde cada estado membro deve ser responsável, acredito que uma obrigação comum para o euro é o caminho errado". Para a Alemanha isto significa taxas
de juro mais altas e um acréscimo a ser pago pelos contribuintes.


Hans Michel Bach
Comité de Finanças do Bundestag


Hans Michel Bach afirma que: "Quem quer criar as euro-obrigações, cria o machado para a cortar a estabilidade do euro". As obrigações, segundo Bach, são "a entrada numa união de transferência, o que levaria todos os países do euro a entrar numa espiral incontrolável".
16/08/2011 | 11:34 | Dinheiro Vivo

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