quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A parábola do crescimento económico

 Imagens via Google

Num diálogo que tive com a minha querida avó, nossa habitual guru e que aqui colocarei, tentarei mostrar a estes senhores que o caminho que seguimos tem algo de errado.

Os senhores a quem estas palavras são dirigidas tratam-se dos que controlam os destinos da nação, tendo sido esta reflexão causada pelas palavras do Presidente da República.

Não me compete a mim, por parcial que sou, julgar as palavras e a lógica da minha avozinha.

Mas fazem algum sentido... Façam o favor de verem se percebem o desenho.

- Oh filho, então o Cavaco quer as empresas a crescer?

Tem que ser, avó. Se assim não for a austeridade perderá a dignidade.

- E porque falam tanto nas exportações?

Por causa do equilíbrio da balança comercial é preciso aumentar as exportações.

- E a maioria das empresas exporta?

Não, avó. Cerca de 20%.

- No meu tempo as balanças equilibravam-se dos dois lados...

Pois. Ainda é igual, avó.

- Mas o Presidente disse que a economia tinha de crescer, certo?

Disse, disse.

- As empresas portuguesas são grandes, filho?

Não, avó. São quase todas pequenas e médias.

- E essas são as 80%?

Sim...

- E são as que mais empregam?

Pois, de facto, avó.

 - E então porque não se melhoram as condições para as empresas que são a maioria, que empregam mais pessoas, que podem dinamizar o consumo, a economia como um todo, mantendo ou melhorando o nível de vida das pessoas?

Não sei. Talvez porque não haja liquidez nos bancos.

 - Mas então esses não têm lucros?

Sim, claro.

- E lucro não é dinheiro? Como não têm liquidez? O que fizeram à massa?

Não sei, avó. Ainda não percebi muito bem.

- Mas o Presidente quer que a economia cresça?

Siiim...

- E quer equilibrar a balança?

Poois...

- Olha lá, e então que vai acontecer se a maior parte das empresas portuguesas, aquelas que não exportam mas que empregam mais gente ficarem sem dinheiro e fecharem?

Seria mau, muito mau, avó.

- Aumentaria o desemprego, as despesas do Estado e causaria um colapso?

Sim, creio bem que pudesse acontecer.

- E  se aquilo que as PME produzem desaparecesse era preciso importar?

Pois...

- E isso desequilibraria a tal balança, não?

Pois...

- Então eles querem que a gente viva de quê??

Os formados irão trabalhar para o estrangeiro, outros nas empresas que exportam e os restantes no turismo.

- Mas isso não dá para tanta gente! Então e os outros?

Não sei, avó.

- Mas então vamos morrer todos à fome??

Não sei, avó. Espero que não.

- Ai tu desculpa, filho mas parece-me que quem manda neste país e na Europa não percebe nadinha do que está a fazer e que nos vamos foder todos à conta disso!!

Isso não se diz, avó. Mas também estou cheio de medo.

2 comentários:

  1. Grande avó!!!!! Traduz o pensamento de todos nós! Se o neto precisar de ajuda para que a avó entenda que é necessário meter algum censo nestas cabeças duras...
    Obrigado pela visita.
    Zeparafuso

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  2. Zé,
    não tem nada que agradecer. Obrigado eu.

    A minha avó é assim. Medonha!

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