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Os senhores a quem estas palavras são dirigidas tratam-se dos que controlam os destinos da nação, tendo sido esta reflexão causada pelas palavras do Presidente da República.
Não me compete a mim, por parcial que sou, julgar as palavras e a lógica da minha avozinha.
Mas fazem algum sentido... Façam o favor de verem se percebem o desenho.
- Oh filho, então o Cavaco quer as empresas a crescer?
Tem que ser, avó. Se assim não for a austeridade perderá a dignidade.
- E porque falam tanto nas exportações?
Por causa do equilíbrio da balança comercial é preciso aumentar as exportações.
- E a maioria das empresas exporta?
Não, avó. Cerca de 20%.
- No meu tempo as balanças equilibravam-se dos dois lados...
Pois. Ainda é igual, avó.
- Mas o Presidente disse que a economia tinha de crescer, certo?
Disse, disse.
- As empresas portuguesas são grandes, filho?
Não, avó. São quase todas pequenas e médias.
- E essas são as 80%?
Sim...
- E são as que mais empregam?
Pois, de facto, avó.
- E então porque não se melhoram as condições para as empresas que são a maioria, que empregam mais pessoas, que podem dinamizar o consumo, a economia como um todo, mantendo ou melhorando o nível de vida das pessoas?
Não sei. Talvez porque não haja liquidez nos bancos.
- Mas então esses não têm lucros?
Sim, claro.
- E lucro não é dinheiro? Como não têm liquidez? O que fizeram à massa?
Não sei, avó. Ainda não percebi muito bem.
- Mas o Presidente quer que a economia cresça?
Siiim...
- E quer equilibrar a balança?
Poois...
- Olha lá, e então que vai acontecer se a maior parte das empresas portuguesas, aquelas que não exportam mas que empregam mais gente ficarem sem dinheiro e fecharem?
Seria mau, muito mau, avó.
- Aumentaria o desemprego, as despesas do Estado e causaria um colapso?
Sim, creio bem que pudesse acontecer.
- E se aquilo que as PME produzem desaparecesse era preciso importar?
Pois...
- E isso desequilibraria a tal balança, não?
Pois...
- Então eles querem que a gente viva de quê??
Os formados irão trabalhar para o estrangeiro, outros nas empresas que exportam e os restantes no turismo.
- Mas isso não dá para tanta gente! Então e os outros?
Não sei, avó.
- Mas então vamos morrer todos à fome??
Não sei, avó. Espero que não.
- Ai tu desculpa, filho mas parece-me que quem manda neste país e na Europa não percebe nadinha do que está a fazer e que nos vamos foder todos à conta disso!!
Isso não se diz, avó. Mas também estou cheio de medo.